Será mesmo que a vulnerabilidade deve ser entendida como sinônimo de fraqueza ou derrota? Nesse caso, deixamos de lado a magia de ressignificar as situações que acontecem a nossa volta. Perdemos a oportunidade de atribuir um novo e lindo sentido aos desafios que a vida nos apresenta. Para mim, a pessoa que tem a coragem de mostrar a sua vulnerabilidade é mais forte do que muitos que reprimem seus sentimentos por orgulho, vergonha ou medo do julgamento. Vulnerabilidade não é fraqueza, é coragem.

Brené Brown é uma cientista social da Universidade de Houston, nos Estados Unidos. E, justamente, ganhou visibilidade falando sobre o poder da vulnerabilidade. Em seus estudos e apresentações, a pesquisadora explora como é impossível alcançarmos os nossos objetivos se não aceitarmos quem somos, os nossos erros, inseguranças e dúvidas.

Brené desconstrói a palavra vulnerabilidade. Para ela, as pessoas que têm coragem, na verdade, são aquelas que não têm medo de mostrar como realmente são e de se posicionar. E quando você se mostra imperfeito para o mundo, se torna alguém forte. Até porque é o autoconhecimento e a autoaceitação que farão com que cada um tenha crescimento nos aspectos necessários. Esse é o poder da superação.

“A vulnerabilidade soa como verdade e sente-se como coragem. Verdade e coragem não são sempre confortáveis, mas elas nunca são fraqueza.” – Brené Brown

Quando penso em superação penso em como a força de vontade, e a coragem, podem transformar a vida de uma pessoa. Muito do que vi, e vivi, nesse tempo de caminhada me fizeram entender que um outro poder, o da mudança, é algo que carregamos dentro da alma.

Assim é a história da brilhante artista Silvana Oliveira. História que tive o prazer de escrever para ser utilizada em seu portfólio e Redes Sociais. A nossa protagonista do texto de hoje teve uma trajetória desafiadora e de muita luta.

Silvana nasceu em Ibiaçá, uma cidadezinha do interior do Rio Grande do Sul, no ano de 1971, e desde a infância sua veia artística era notável. Só que a vida era tão difícil naquela época que, logo cedo, aprendeu tarefas domésticas e a cuidar de bebês. Aos nove anos já tinha que se virar sozinha e, em muitos momentos, não tinha o que vestir ou o que comer. Mas a arte sempre esteve presente em sua vida, através de desenhos com lápis em papel. Era a maneira de amenizar a amargura de uma vida tão pobre.

Hoje, conta que é grata pela trajetória que construiu, mas que não foi nada fácil. E quem disse que seria? Não foram poucas as vezes em que a artista acordou com um “buraco no estômago” de tanta fome.

Mesmo assim, nunca se lamentou. Aos 16 anos, mudou-se para Passo Fundo para tentar uma vida melhor, em uma cidade maior. A vontade de vencer na vida era imensa, mas a realidade era cruel. Na cidade maior passou por muitos desafios, chegando a ter apenas uma refeição por dia ou a usar sapatos com sola rachada.

Ainda assim, sempre teve uma regra muito clara: desistir? Jamais! Silvana acredita que a sua receptividade para mudanças possibilitou que novas portas se abrissem pelo caminho.

Em Passo Fundo, trabalhou em uma loja de confecções. Lá, foi recebida de braços abertos e os proprietários permitiram que expusesse as suas obras na vitrine. Como ainda não tinha dinheiro para comprar material, aprimorou suas habilidades pintando com tintas primárias, desenvolvendo cores e estudando luz e sombra com uma vela.

Ou seja, precisou ser criativa:). Sempre. Como o seu sustento dependia só dela, passou a decorar as vitrines de outras lojas aos finais de semana.

Graças a um trabalho duro, conseguiu comprar telas e tintas e começar um estudo de óleo sobre tela. E assim seguia o ritmo de ter um emprego, durante o dia, e a pintar à noite. Muitas vezes, madrugada adentro. Mas como diz o velho e sábio ditado: sem sacrifício, sem vitória.

Pelo caminho foram surgindo outros desafios e alguns desafetos. É que a persistência e o desempenho de uma pessoa podem incomodar. E, apesar de ter recebido críticas em alguns momentos da vida, não se abalou. Mas elas só são bem-vindas quando são verdadeiras. Tudo o que faz crescer é bem-vindo na vida de Silvana.

Quando amamos algo, do fundo do nosso coração, a vitória é destino certo. Foi justamente o amor pela arte que fez a vida da artista mudar completamente. Assim, começou a ministrar aulas, a vender suas obras para outros estados e a expor no exterior, inclusive no Louvre, em Paris, um dos museus mais famosos do mundo. Quando se deu por conta, estava vivendo somente de suas obras. Tem jeito mais lindo de se viver do que daquilo que você ama tanto? Hoje, Silvana conta, com toda intensidade, que a arte a fez viver. Porque sobreviver já não era mais suficiente.

Como jornalista, tive a oportunidade de contar a história dessa grande artista, que é realizada pela vida que conquistou. Realização que expressa pintando as suas telas, na galeria que construiu com tanta dedicação. Que procura demonstrar eternizando momentos e contando histórias através das tintas, dos pincéis e de um olhar cheio de sensibilidade.

A história de Silvana, e muitas outras que já tive o privilégio de contar, reforça uma premissa que sempre vou levar comigo: nunca deixe de sonhar. A maneira como você enxerga as dificuldades é que irá determinar os traços do seu futuro. Nada acontece por acaso, e o caos do ontem pode ser o céu do amanhã. Afinal, a vida é uma oportunidade linda que temos para evoluir.